Foto: Olinto Bezerra/TV Tropical
Um exemplo é o município de Senador Elói de Souza, a 90 km de Natal, capital do estado. A reportagem da TV Tropical viajou até o local para acompanhar a realidade de 38 famílias que vivem em uma comunidade na zona rural. O clima seco e árido demonstra a ausência de chuva. No cenário, a caatinga, vegetação nativa do sertão, acompanhada de cactos e juazeiros. No chão, um verdadeiro cemitério de animais, com as carcaças do gado que não resistiu às consequências da seca e da fome.
O agricultor Adailton de Oliveira conta que, nos últimos meses, a situação se agravou ainda mais. Ele trabalha com plantio de feijão e milho, mas, sem a chuva, as lavouras não vingam. O produtor revela ainda que, em 52 anos de vida, nunca viu um contexto como esse. “Está muito difícil. Nós vivemos apenas com R$ 179 por mês, do Bolsa Família”.
Em um dos currais da comunidade, pelo menos cinco animais morreram por falta de alimentação, já que o proprietário não tinha mais dinheiro para pagar as rações. Os poucos animais que sobrevivem estão magros e fracos. Quando algum morre, se for considerado sadio, há uma divisão entre os mais necessitados da comunidade rural. “A gente comprou os animais com tanto sacrifício para, de repente, perder assim. Eu nunca tinha perdido desse jeito, mas infelizmente a seca acaba com tudo”, relatou o agricultor, emocionado.
O lamento também é compartilhado pela agricultora Sebastiana Nunes. Na cozinha de sua casa, falta o básico para a família se alimentar. Na última semana, ela conseguiu entrar em uma divisão de uma vaca que morreu e, por isso, teve a proteína do almoço. Mas nem sempre é assim. “Às vezes a gente quer comprar ovo ou mortadela, que são as misturas mais baratas, mas não podemos. Porque a mortadela está hoje um preço absurdo, a gente não tem condições de comprar. A mesma coisa com o ovo. Ou compra um ou compra outro”, explicou Sebastiana.
Para a líder comunitária Áurea Silva, essa é uma das secas mais graves já vistas na região. “O agricultor e, principalmente, o assentado, vive exclusivamente da agricultura. Não tem outra fonte de renda. Então, com um período desse, que não tem chuva, não choveu o ano todo, o agricultor vai viver de quê?”, questiona. Com os olhos marejados, Áurea lembra ainda de uma cena que a comunidade presenciou há poucos dias. “A gente viu um rapaz chegar na casa de uma pessoa, tremendo… De fome. Ver isso dói muito! Então as vizinhas se juntaram e entregaram alguns alimentos para ele levar para casa”, conta, às lágrimas.