Pele e olhos amarelados, urina escura, dores acentuadas no fígado. Sintomas clássicos que, de longe, denunciam a hepatite. O problema é que nem todo tipo de hepatite se apresenta dessa forma, tão evidente, e o que é pior: as hepatites mais silenciosas, ou seja, as que acometem o fígado sem demonstrar sintomas, são as mais perigosas.
Para explicar melhor o que é a hepatite, é importante primeiro entender como ela afeta o fígado, maior glândula do organismo, localizado na parte superior do abdome. “O fígado mantém as reservas de ferro, de vitaminas e de sais minerais necessárias para a saúde. Sem ele, não haveria força pra seguirmos adiante. Ele também produz a bile, um líquido ácido que ajuda na digestão dos alimentos. Com isso, desintoxica todos os produtos químicos e prejudiciais que ingerimos, como bebidas alcoólicas e remédios, por exemplo”, explica a médica Graziela Medeiros, do Hapvida Saúde.
Quando o fígado é acometido por uma inflamação, ou seja, pela hepatite, todos esses benefícios podem ser destruídos. Existem vários tipos de hepatites, mas os mais comuns são causados por vírus dos tipos A, B e C. “A hepatite pode ser aguda ou crônica. A aguda dá sinais mais evidentes, como a cor amarelada na pele e nos olhos, dores acentuadas no fígado, entre outros sintomas. Já a crônica é totalmente silenciosa, com uma lesão que vai avançando sem causar dor nem quase nenhum incômodo e, quando a pessoa se dá conta, já está com uma cirrose”, alerta a especialista.
Cirrose
Cirrose é o estágio em que o fígado perde as funções e isso pode levar a pessoa à morte. Entre as principais causas da cirrose estão o uso abusivo de bebidas alcoólicas; doenças autoimunes que provocam inflamações no fígado; enfermidades hereditárias; acúmulo de gordura no fígado; e remédios de uso clínico que podem causar hepatite. “Paracetamol é um remédio usado livremente, para qualquer dor de cabeça, mas é preciso ter cuidado com a associação desse medicamento ao uso do álcool. Misturados, podem ser altamente tóxicos e perigosos”, enfatiza Graziela.
Diagnóstico
Exames de sangue podem denunciar o problema. Outros testes mostram a fase e a gravidade da doença. “O melhor é prevenir desde a infância. Hoje, por exemplo, a maior preocupação realmente é com a faixa etária que está mais exposta, sexualmente ativa, e que não foi vacinada na infância”, explica a médica. A preocupação com a atividade sexual desprotegida é porque as hepatites mais comuns e perigosas, a B e a C, são transmitidas por contato sexual ou sanguíneo.
Tratamento e prevenção
Para as hepatites agudas, bastam repouso e medicamentos sintomáticos, além do combate às causas da inflamação – redução da ingestão de bebidas alcoólicas e comidas gordurosas, por exemplo. Para os outros casos, há tratamento e cura. Um lembrete importante: a vacina contra a hepatite B é disponibilizada na rede pública, no calendário nacional de imunização.
Estima-se que, no Brasil, 2,3 milhões de pessoas tenham algum tipo de hepatite e cerca de 1,5 milhão são portadores do tipo C, o mais grave. Ainda não se tem uma vacina para este tipo de hepatite.
Pessoas que compõem o chamado grupo de risco são, trabalhadores da área de saúde, coletores de lixo, vítimas de abuso sexual, dentre outras. Elas podem e devem procurar as unidades de saúde para se vacinarem. Para esses, a vacinação é realizada independentemente da faixa etária e não é necessário revelar o motivo pelo qual se está buscando a vacina.