Informada sobre a descoberta pelo arqueólogo Astrogildo Cruz – responsável pela primeira análise dos vestígios, juntamente com o arqueólogo e professor de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Orlando Figueredo –, a equipe do MCC coletou “fragmentos da defesa (presa de marfim) e da mandíbula com os dentes molares do animal e transportou-os para o Museu, em Natal, onde fizeram a limpeza e estudos complementares”, conta o biólogo da Instituição, Wagner de França Alves. “O proprietário da terra me procurou para avaliar se aquilo poderia ser um fóssil. Diante do potencial dos vestígios levei as fotos da peça ao MCC”, detalha Astrogildo Cruz.
Restos mortais do mastodonte já foram encontrados no Rio Grande do Norte e em quase todos os estados brasileiros, exceto no Tocantins, mas no município de Florânia é a primeira vez. A cidade já é conhecida por seus sítios arqueológicos, onde são encontrados vestígios de povos pré-históricos e históricos. Agora, ganha relevância, também, para a Paleontologia, ciência que estuda as formas de vida passadas por meio dos seus fósseis.
De acordo com a diretora do MCC, Maria de Fátima Ferreira dos Santos, a novidade expande a distribuição geográfica de fósseis no Estado. O mastodonte e outros animais de grande porte, como preguiças gigantes e tigres dentes de sabre, já foram descobertos em outros municípios potiguares, entre eles São Rafael, Nova Cruz, Apodi, Rui Barbosa, Montanhas e Antônio Martins. “Temos interesse de retornar a Florânia para coletar o que ficou da peça exposta e investigar a existência de outras espécies, como normalmente ocorre nos depósitos fossilíferos”, ressalta.
Contribuição científica
Fátima Ferreira explica que a descoberta é muito importante para o conhecimento científico, pois proporciona a observação de outras nuances como a causa da morte dos animais, patologias que os tenham acometido e os processos envolvidos na fossilização. Para tanto, o MCC possui um setor de Paleontologia e dispõe de laboratório e reserva técnica, que abrange metodologias de coleta de amostras e dados em campo para embasamento e organização das coleções científicas. Os projetos desenvolvidos no setor são atividades acadêmico-científicas para alunos dos cursos de Geologia e Ciências Biológicas da UFRN. Já o acervo serve como objeto de pesquisa para monografias, dissertações e teses.
A Instituição da Rede Universitária de Museus da UFRN (RUMUS), explica que o MCC também dispõe dos setores de Etnologia – para estudo dos povos e culturas – e Arqueologia – para estudo das formas de vida em períodos geológicos passados. O acervo do maior museu do Estado pode ser apreciado na área de exposição, onde os visitantes são apresentados a carapaças e ossos de tatu, defesas de elefantes, ossos de preguiças, entre outras peças milenares até de tempos muito distantes, como fósseis de invertebrados que viveram há 65 milhões de anos.
Serviço
Museu Câmara Cascudo (MCC) – Endereço: Av. Hermes da Fonseca, n. 1398, Bairro Tirol.
Funcionamento: de terça a sexta-feira, das 9h às 16h; aos sábados, das 13h às 17h.
Aberto ao público, com entrada gratuita.
Telefones: (84) 3342 4912; 3342 4914.
Fotos: Cícero Oliveira
Por Marina Gadelha